quinta-feira, 26 de setembro de 2013

E agora, um regresso ao registo original.

Hoje apeteceu-me empadão. Fiz puré caseiro com um garfo, qual macgyver da cozinha, estufei a carne, estava tudo bem temperado e a correr bem, como sempre porque eu sou uma cozinheira do caralho, até ao momento em que precisei de bater um ovo para dourar a cena. Ovo esse que não tinha. Recorri à vizinha gaiteira do primeiro andar que me disse que não come ovos por causa do cóstrol e lá vim de mãos a abanar. Como último recurso, fui à velhota do rés-do-chão (os do terceiro odeiam-me e desejam que o ovo me provoque uma caganeira cor de gema), e vim de lá com vontade de cair pelas escadas e falecer, infelizmente a vergonha ainda não mata. A minha vizinha  informou-me que o meu estimado namorado, esse pedacinho de céu estrelado, devia ter mais cuidado quando anda nú pela casa. Eu, numa de tentar reagir à lambada que aquilo me pareceu, disse que era de boxers que ele andava, mas a mulher, embora velha, ainda não tem Alzheimer, e respondeu: "Não, aquilo vê-se tudo!", de olhos muito esbugalhados. PUMBA. Ao que parece, a cabeleireira do lado viu o badalo do meu namorado e quase cegou. A vizinha afiançou-me que não se incomoda, que já tinha visto e que por ela tudo bem. Ora, perante esta confissão, só posso conluir que o meu Caetano anda com o sono um bocado perturbado porque durante a noite tem sido muito requisitado nos sonhos da D. Lizete. Disse-lhe que ela não tinha de quê, que sempre reavivava a memória e lavar as vistinhas nunca matou ninguém e vim de lá com meia dúzia de ovos caseiros e um beijinho. Eu bem sabia que isto de ter um namorado nudista ia dar mau resultado, por isso agora vejo-me obrigada a mudar para a minha residência de inverno, a dele.

domingo, 1 de setembro de 2013

Update

desde que abandonei o blog antigo que a vontade de manter um blog se foi perdendo. Acho que encontrei outras escapatórias para tirar de mim o que sinto. Os últimos tempos não têm sido fáceis. Perdi a minha avó num sopro de tempo. Num tão pouco tempo tão injusto que o luto não se consegue fazer. Mais do que a morte custa pensar na merda que a vida consegue ser. Já não sou neta de ninguém e nunca tive outra avó, a falta que sinto desta não se desfaz, não passa, não deixa de doer. Acho que só com uma dose de amnésia funcional é que consigo passar os dias. Até que me lembro dela quando bebo água pelo púcaro que herdei e por onde ela bebeu água mais anos do que os que eu existo. Ir a casa dela e não a encontrar sentada na varanda é partir por dentro. É perceber que não volta e que nós continuamos. E eu continuo mais triste mas muito agradecida pelos amigos que a vida me deu, que não me abandonam, que não precisam de convite, que me seguram a mão ou dividem um prato de sushi entre conversas sempre que eu cair e tiver de me levantar. Agradecida pela família boa em que nasci, pela família sincera, pela mãe maravilhosa que tenho e pelo pai que a apoia em todos os momentos da vida. Agradecida pelas sobrinhas que nos trazem sorrisos mesmo quando apetece chorar, mesmo quando dói tudo e não nos apetece nada. Muito agradecida pelo meu amor, que continua aqui, que tem os braços perfeitos para me abraçar e o peito onde me deito e percebo que a minha vida continua e em tudo o resto é boa.
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