segunda-feira, 1 de abril de 2013

Os mete-nojo

Toda a gente sabe que tenho sérias dificuldades em desligar do trabalho quando estou de férias. A minha chefe dá-me verdadeiros raspanetes quando me apanha a responder a e-mails ou a mandar recados ou a fazer perguntas às escondidas. Nunca sou repreendida, felizmente, a não ser por não conseguir aproveitar as férias que, por sinal, são sempre muito merecidas. De resto, ela confia no meu trabalho e gosta de mim e eu dela. Melhor não podia ser. Os meus colegas são impecáveis e seguram as pontas que podem quando não estou e até se dão ao trabalho de me reportar o dia-a-dia para me tranquilizarem, naquela de saberem que eu sonho com trabalho e com uma possível explosão do edifício e tudo a ir pelos ares. São uns amores. As pessoas com quem lido indirectamente confiam, igualmente, em mim e nas minhas decisões, deixam coisas importantes ao meu cuidado e desejam-me boas férias e ficam felizes em não me aborrecer durante o tempo em que me ausento. Nota-se mesmo um carinho especial de alguns por mim, nota-se um esforço sincero em aguardar o meu regresso para me bombardearem de perguntas e pedidos. A bem do meu bem-estar mental e cardiovascular, este ano até decidi só tirar férias de uma semana de cada vez. Normalmente na segunda semana já começo a ressacar e a imaginar perdas incalculáveis e o sossego vai-se todo direitinho para o caralho, maneiras que quis experimentar esta nova modalidade. E poderia estar a resultar muito bem, não fosse pelos mete-nojo. Há sempre alguma alminha que se aproveita da minha ausência para, adivinhem, meter nojo. Há sempre uma alminha que, tendo sido perguntado se precisava de alguma coisa e se estava a antecipar algum pedido para esta semana, me responde que não e no primeiro dia de férias se dirige ao e-mail geral para pedir pontos de situação de merdas que já foram reportadas a quem de direito, que não lhe dizem directamente respeito e que deixam no ar certa insinuação acerca do meu poder de decisão. Há sempre aquela alminha ressabiada que teve de ser minha aluna certa vez e que levava uma crista muito alta, a bater no infinito, que eu fiz o favor de baixar, se pentear direitinha com uma risquinha ao meio  e bem lambidinha, ali colada à tola, com todo o carinho. Há sempre uma alminha burra, a tal de que vos falo, que acha que vai perguntar algo do meu trabalho e alguém que não eu lhe vai dar resposta. Não tenho problemas com imprevistos, sabe deus que são o meu dia-a-dia, não tenho problemas em esclarecer dúvidas, não me importo sequer de pensar em trabalho durante as minhas férias, o que eu não suporto mesmo são os mete-nojo, aqueles que ficam ali a estalar os dedinhos até me apanharem fora para se atiararem ao teclado naquela de ver se me fodem porque, certa vez, fiz bem o meu trabalho e ao fazê-lo infinitamente melhor do que ela, o ego se esfrangalhou em pedacinhos e, em não recuperando, anda a ver se fode o meu. Ora, eu gostava mesmo era que os mete-nojo que pululam por aí, não só em contexto profissional, fossem pessoas mais felizes. Aposto que não metiam tanto nojo se fossem pessoas felizes. Só isso.

4 comentários:

Mafalda disse...

Eu atribuo-lhes a designação de atrasados mentais.

Dani disse...

Caga pra essa gente e goza as férias. Só têm que se resumir ao que são. Desses "ratos" há em todo lado.

Anónimo disse...

Com gente assim uma pessoa nem entra de férias descansada, irra! Vê lá se metes é essa alma penada a rastejar aos teus pés.

Arisca disse...

SJ, não é mal aplicado, não!

Dani, demoro a desligar mas cá vou aproveitando à minha maneira :)

Princesadepantufas, esta gaja é um caso perdido e eu não tenho paciência para ela!

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