quarta-feira, 1 de maio de 2013

Sabes que cresceste

e que foste criada por duas pessoas simplesmente maravilhosas quando, sem que nada de especial o proporcionasse, sentes uma necessidade enorme de ligar à tua mãe, sendo que tinhas falado com ela horas antes, só para dizer "Mãe, gosto muito de ti. Sabes disso, não sabes?" e te sentes apaziguada ao ouvir "Sei filha, mas sabe tão bem ouvir". Sabes que a tua mãe é o teu prumo, sabes que é a mulher mais lutadora que conheces, sabes que não é possível sentir orgulho maior do que o que depositas nela e tens certeza que não escolherias outra quando choras de saudades, mesmo depois do hábito da distância se ter instalado e a tua vida ser tudo o que querias (menos geograficamente). Eu cresci, conheci outros amores, aprendi a levantar-me sozinha, mas o melhor da vida é saber que tenho uma mãe presente, de quem preciso ouvir a voz todos os dias e com quem me preocupo tanto por lhe querer tão bem. Não faço nada na vida que não a tenha em consideração, para que se orgulhe sempre de mim, projecto dela, sonho dela, fruto da dedicação dela. Não sei de nada em mim que não lhe deva a ela, de uma forma ou de outra, não sei de nada que consiga sozinha que não seja por ter aprendido com ela, nem que seja só a força que sempre lhe reconheci. Eu não sou a pessoa mais expansiva do mundo, tenho melhorado com os anos, herdei esta reserva do meu pai, de quem não falo neste texto porque o nosso entendimento é diferente. O nosso amor acontece nas entrelinhas, no exercício de saber o que está nas pausas e nos silêncios, no adivinhar e não ter dúvidas do que se avizinhava dizer. Com o meu pai o amor é mudo, mas é palpável e indubitável. Devo-lhe a infância mais feliz, mais acompanhada, mais desafiante. Devo aos dois tudo o que sou e pago em amor e motivos de orgulho, não existe outra moeda aceite. Ainda assim, a certeza é que a dívida será eterna e eterna será a minha vontade de a pagar. Amando.

7 comentários:

Snail disse...

E eu aposto que te fugiram duas ou três lágrimas marotas enquanto escrevias isto... :)

Pusinko disse...

Sim, cresceste. Que texto belo :-)

Marizei disse...

que lindo!
que emoção maravilhosa ao ler essas linhas tão simples e de um amor tão grande.

mãe parece dizer tudo e cala lá bem no fundo ...

:))

bom dia



Arisca disse...

snail, e apostas bem :) Sou uma mole na verdade.

Pusinko, obrigada :)

Marizei, a minha mãe é mesmo fabulosa. O meu pai também e eu acho mesmo que sou uma felizarda por isso. Não podia ter sido uma criança, adolescente e agora adulta mais feliz. :)

Maria do Mar disse...

Que palavras tão lindas ... Não passes o dia de hoje sem lhes mostrar este texto :)

Arisca disse...

Maria, o problema é que estas coisas já não consigo mostrar. :)

Maria do Mar disse...

Tenho a certeza que, ainda que possas ser de palavras parcas, não te faltem os gestos de amor e carinho.

Mas tenho a certeza que iriam adorar sentir por escrito o grande amor que nutres por eles. Por isso, um dia devias ganhar coragem e deixar-lhes o texto como bilhete, ou algo do género. Um dia, vai ser dia :)

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